Genesis conta a história de um casal que foi condenado à trabalhar.
Veja bem, condenado.
Desde sempre a cultura católica nos fez crer que o trabalho é uma maldição.
Que do suor do nosso rosto comeríamos o pão.
Idolatramos as sextas e lamentamos os domingos.
Até que veio a Reforma Protestante e ressignificou a noção do trabalho.
Trabalho também pode ser benção.
E uma expressão do sagrado.
Mas muitos de nós ainda estamos presos do lado do fora do paraíso, com Adão e Eva.
E produzimos maldição no lugar de bençãos.
Existe um caminho para reverter o cenário.
E a primeira coisa a fazer é entender que existem momentos sagrados no trabalho.
Você só precisa enxergá-los. E respeitá-los.
Mas o que seriam esses momentos?
Não, não tem a ver com nada místico ou religioso.
O sagrado acontece em fatos concretos.
São aqueles momentos chave.
Fatos do cotidiano, mas com profundo significado.
Instantes que têm a capacidade de serem transformadores.
Situações que precisam ser tratadas com a devida reverência.
Vamos a eles.
Quando contratamos.
O tempo que passamos no trabalho é maior que qualquer outro tempo que dispomos.
Quando uma pessoa trabalha com você ela vai fazer mais parte do seu convívio que qualquer familiar.
Não seja leviano nas contratações.
É preciso gastar tempo no processo.
É necessário mais que entrevista, análise de currículo e recomendações.
Gaste tempo pensando a respeito. Marque encontros fora do escritório.
Conversem sobre a vida. Projetos. Sonhos.
Vocês não precisam ser iguais. Nem pensar da mesma forma em tudo.
Mas precisam entender que dividirão o mesmo projeto de vida por tempo indeterminado.
Por respeito ao candidato e a você, trate esse momento com a devida reverência.
Quando damos feedback
Feedbacks são difíceis.
Para quem dá e quem recebe.
Se você é quem dá o Feedback, em primeiro lugar, seja respeitoso.
Trate o momento como algo sagrado. Porque não existe outra forma de um profissional crescer que não seja através de um feedback profundo, franco e transparente.
O feedback é privado. Dado numa sala fechada. Sem pressa para acabar.
Sempre comece pelos pontos positivos.
E sempre use exemplos concretos para ilustrar seus pontos.
Nada é pior do que um feedback genérico do tipo “sinto que você está assim ou assado”.
Se você é quem recebe o feedback, escute.
Mesmo eventualmente não concordando, mantenha a calma.
Feedback não se retruca, se absorve.
Entenda que não existe crescimento sem dor.
E que a maturidade nasce do conflito.
Mesmo tendo que engolir a seco um feedback duro, entenda que você vai crescer a partir dele.
O mundo corporativo não é para amadores.
Quando demitimos
Nenhum momento diz mais sobre você (e sobre a empresa) do que o momento em que se precisa demitir alguém.
Demitir alguém não envolve apenas a pessoa alvo da demissão.
Envolve famílias. Sonhos. Expectativas. Frustrações.
Uma coisa importante: ninguém gosta de ser pego de surpresa.
Por isso é esperado que a demissão seja um processo construído ao longo de um período.
Seja por uma sucessão de feedbacks não correspondidos.
Seja pela transparência em se comunicar previamente a situação financeira da empresa.
Faça desse momento o instante mais sagrado da sua atuação profissional.
Tratar com frieza, falsidades ou sentimentalismos baratos maculam o momento.
Vá direto ao ponto e pontue os fatos com clareza.
Depois, escute.
Esse momento pode mudar pra sempre a vida de uma pessoa.
Trate com o máximo de reverência.
Quando reconhecemos o esforço do outro.
Empresas são pequenas selvas.
Pessoas se digladiando por espaço e atenção.
Lutando por louros que podem render promoções ou bônus.
Abrir espaço para alguém aparecer é um momento sagrado.
E uma sacralidade que está em suas mãos produzir.
Reconhecer o valor do outro é sinal de nobreza.
E quem aparece no espaço sagrado criado por você não esquece.
Faça isso sempre que possível.
Quando respeitamos o tempo.
Tempo é o bem mais precioso dentro de uma corporação.
No fundo, o que uma empresa faz é vender tempo.
Vejo em ambientes corporativos o tempo sendo desperdiçado, mal usado ou negligenciado.
O tempo é sagrado. O respeite como tal.
Chegar atrasado numa reunião desrespeita o tempo alheio.
Estourar o tempo de uma reunião desrespeita o tempo alheio.
Fazer alguém trabalhar à toa desrespeita o tempo alheio.
Ser leviano numa orientação de trabalho desrespeita o tempo alheio.
Enfim, você entendeu.
Quando celebramos uma conquista.
Celebrações são ritos.
São marcas no tempo.
E registros na memória.
Servem exatamente para lembrarmos de como era antes. E como foi depois.
Conquistas são sagradas porque não acontecem todos os dias.
São frutos do esforço coordenado. Da disciplina. Do talento. Da persistência.
E não celebrar banaliza o que é raro. Único. Precioso.
Ganhar um novo negócio.
Atingir uma meta.
Ganhar um prêmio.
Qualquer conquista que seja precisa ser celebrada.
Celebrada porque envolve sangue suor de pessoas.
Move a companhia a diante.
Inaugura novas fases.
Celebrar conquistas é sagrado. Nunca deixa de celebrar.